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Os "Jogos psicológicos" como fator interferente no Escotismo

  • Foto do escritor: Carlos Nascimento
    Carlos Nascimento
  • 25 de jul. de 2018
  • 6 min de leitura

Conheci pessoalmente o Dr. Adolfo Aristeguieta Gramcko, e dele ganhei uma cópia deste artigo de sua autoria, e do livro El Gran Juego. Por formação era psiquiatra, mas o escotismo era a sua paixão. Exerceu vários cargos tanto na Assocaição Escoteira da Venezuela quanto na WOSM, sendo condecorado com o Lobo de Bronze. Não esqueço quando ele visitou o nosso Grupo Escoteiro a paciência que teve em ficar conversando com os escoteiros, apesar da diferença de idiomas.

Neste mês de agosto completam 20 anos de seu falecimento, e a tradução deste artigo, muito atual para o momento, que originalmente foi apresentado à XV Conferencia Escoteira Interamericana. Puerto España, Trinidad e Tobago, é uma forma de homenageá-lo.

QUE SÃO JOGOS PSICOLÓGICOS?

São formas equivocadas de manter a energia vital. A maneira como o psiquismo do ser humano consegue conservar seu nível de energia, é mediante o vínculo, a relação com outro. A vida é a consequência de um vínculo, se gerou em um vínculo, se mantem dentro de um vínculo, se propaga mediante um vínculo, sempre definido por um sentimento de atração reconhecido com o nome de amor.


Eric Berne, Fundador da Análise Transacional, chamou em sua linguagem técnica ao tipo de comunicação humana na qual se sente brotar bons sentimentos "Carícias", que é um conceito algo mais amplo que o geralmente conhecido. Seguidamente, e a modo de conclusão, sustentou a tese que necessitamos estabelecer relações com outros, trocando esses reconhecimentos ou "Carícias" para aumentar e conservar em bom nível nossa energia vital.


Mas na realidade as coisas estão dadas de tal forma, que se nos ensina para que em lugar de estabelecer vínculos sadios, diretos, que convidam ao encontro e reconhecimento sincero, ocorre todo o contrário: Nos ensinam desde todas as vertentes imagináveis o oposto: Há que desconfiar, há que ser cauto, há que não crer facilmente em outros, não há que se abrir, há que se cuidar do elogio, etc.


Poder-se-ia dizer que nascemos com medo, nos inculcam medo, nos ensinam a ser desconfiados e se nos dá um adestramento para aprender como rechaçar as "Carícias".


A vida, a educação, as circunstancias sociais em que nos desenvolvemos, nos condicionam para não ver e entender o sentido do vínculo, seu valor profundo enquanto elemento nutritivo e em que pese todas as dificuldades que podem haver na relação humana, há que saber chegar a ele, sabê-lo encontrar e estabelecer, para manter-nos saudáveis na vida.


A contrapartida é que quando alguém necessita essas "Carícias" e não pode chegar a elas a necessidade de incrementar sua energia psíquica o leva à uma relação interpessoal chamada por Berne de "JOGOS PSICOLÓGICOS", que como seu nome sugere encerram riscos de armadilhas com sofrimento final. Nesses Jogos Psicológicos, TODOS PERDEM, mesmo os aparentes ganhadores. A única maneira de ganhar é NÃO JOGANDO, não entrando nem deixando-se arrastar pela sedução.


Nossa vida diária está cheia de Jogos Psicológicos! Há vidas inteiras que não foram senão um longo e triste JOGO! e ironicamente se jogaram esses Jogos para viver!


E QUE TEM TUDO ISSO A VER COM O ESCOTISMO?


Tem a ver porque nas atividades do Movimento Escoteiro o dirigente, sem dar-se conta, pode usar de cenário para jogar seus próprios JOGOS PSICOLÓGICOS. A consequência a podemos supor: Nem os jovens nem os adultos praticam o Escotismo, alguns se vão chateados ao não encontrar o que buscam vendo-se imersos numa quantidade de "Ritualismos" inúteis, e os outros se retiram cansados quando se dão conta que não fazem mais que perder!


EXEMPLO DE JOGOS MAIS FREQUENTES OBSERVADOS:

São inumeráveis, mas vamos dar exemplos daqueles que vi serem jogados mais frequentemente.


"GOLPE DE ESTADO":

O Jogo consiste em uma sublevação. Um assistente de chefe, ou qualquer outro que "assiste”, encontra argumento legítimo a seu juízo para fazer uma subversão e derrubar ao Chefe. É muito frequente e se joga em distintos níveis.


"REVOLUÇÃO":

É uma variante muito apetecida do Jogo anterior. Envolve muitos jogadores; há como se diz de alguns filmes de Hollywood "Mais ação", portanto é muito mais entretido, supõe as vezes semanas ou talvez meses de preparação; interveem muitos imaginando com prazer o que vai passar. A elaboração da "Trama Revolucionaria" certamente se vive como uma "delícia"!


"GOLPE DE PALÁCIO":

É uma variedade que vai pelo mesmo caminho dos outros. A técnica é distinta. As cargas e tensões emocionais são violentas, geralmente mal ou pouco conscientizadas; não há uma elaboração premeditada. Ocorre que de repente, geralmente em uma Assembleia Nacional, há uma volta nos acontecimentos previstos pelo qual se destitui alguém. Este último em geral como "Bode Expiatório".


"PARTIDOS POLÍTICOS":

São jogos frequentíssimos, que entretêm a muitos Escotistas. Geram muito movimento como: Reuniões, comissões, congressos, discussões, etc., para ao fim chegar a "Transações", graças às quais nenhum dos dois "Bandos" "Pode sair com o seu", "Não pode fazer as cosas que pretendia".


"TRIBUNAIS":

Jogo terrível, geralmente cheio de amargura. Se joga às vezes em alto nível e então é muito pior. Serve para provar que se está disposto a encontrar "O mal" personificado em alguém e erradicando pela raiz, até levando o culpado à "fogueira" social.


"CURSO DE GILWELL":

Em algum curso de Insígnia de Madeira vi como deste curso não iria derivar ACAMPAMENTOS PARA JOVENS, mas "Acampamentos Escola", ou melhor "Cursos de Adestramento", em vez de boa prática de vida Escoteira.


Cada cursante semanas ou meses mais tarde em sua respectiva Região ou Distrito, se poria a jogar o "Jogo" aprendido, onde ele atuaria como outro "Iluminado de Baden Powell". Este Jogo chamado "Gilwell" esteve muito em moda por mais de 12 a 15 anos. Ele dá lugar geralmente a outro, que poderíamos chamar "RENOVAÇÃO" ou "ATUALIZAÇÃO", que não requer ser descrito.


Os Jogos Psicológicos citados eram do âmbito nacional, ou Internacional mas também poderiam ter as suas versões locais, que sem dúvida alguma o leitor fazendo bom emprego do sentido de observação própria do escoteiro poderá descobrir.


Toda atividade legítima pode converter-se em um JOGO PSICOLÓGICO, quando se perde de vista o que realmente se trata de fazer: Levar bom Escotismo a mais jovens.


JOGOS PSICOLÓGICOS X DRAMATIZACIONES:


Pode nos ser perguntado que diferença há entre o Jogo Psicológico e uma Dramatização, e se é que acaso jogando não aprendemos também, uma vez que o jogo pode ser um ensaio para algo que posteriormente faremos melhor.


A resposta é muito clara: A DRAMATIZAÇÃO é consciente, se sabe que é isso: Um teatro, um ensaio, uma suposição. Atuar em uma situação imaginada que permite afinar os movimentos, nos pomos no lugar de, fazer o "Rol Playing" com todas sus vantagens. As DRAMATIZAÇÕES estão indicadas como um grande instrumento educativo, os Jogos Psicológicos não. Estes são inconscientes, não nos damos conta quando os estamos jogando se nos envolvem sem dar-nos conta. Isto é o grave! Levam-nos a perverter a intenção e escamoteiam os resultados. Jogamos enganados crendo honestamente que estamos fazendo outras coisas.


Por outra parte, são sempre um deslocamento de objetivos. Quando nosso psiquismo fracassa ao não obter a carga de energia que esperava obter legitimamente de uma atividade dada, se desloca para outra. Para os dirigentes Escoteiros a facilitação se dá às vezes na aplicação do Escotismo; mas igual os professores de uma universidade podem levar a ela seus próprios jogos, e os trabalhadores também podem jogar a PRIMEIRO DE MAIO ou REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE, em vez de fazer planejamentos honestos, sinceros e realistas para a defensa dos legítimos interesses gremiais.


COMO SE SABE QUE SE ESTA REALIZANDO UM "JOGO PSICOLÓGICO?


Há alguns sinais muito claros para reconhecer que estamos neles.


Em primeiro lugar ao final do Jogo em todos fica um sabor am...argo! Tudo ia muito bem, havia grande entusiasmo, cada qual na sua, e de repente alguém diz ou faz algo, que traz o inesperado, algo muda no sentimento de todos; dali em diante os resultados deixam a todos descontentes.


Segundo: Há "Vencedores" e "Vencidos" esquecendo que o Escotismo é uma IMENSA BARRACA onde devemos caber todos. Quando não é assim é possível que se esteja sem sabe-lo em um Jogo Psicológico.


Terceiro: Os resultados desejados são pobríssimos e os esforços e custos enormes.


Quarto: Analisando as coisas nos damos conta que esses "Jogos" pedem a seus jogadores um eterno recomeçar. Parecem cumprir uma maldição: "Crise, localizar o "Bode Expiatório", seu sacrifício, e voltar a começar". Sempre um voltar a começar!


E ENTÃO QUE HÁ QUE FAZER?


A única regra que dão os mestres é a seguinte: Nunca Jogar, porque nos Jogos Psicológicos perdem todos. O único ganhador é quem não joga.


Para isto temos que estar alertas, dar-nos conta quando nos estão inconscientemente envolvendo em um jogo, o quando se está armando um. Neste caso não só não entrar, mas não deixar que outros entrem.

 
 
 

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