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Escotismo pelo retrovisor.

  • Foto do escritor: Carlos Nascimento
    Carlos Nascimento
  • 12 de jan. de 2019
  • 4 min de leitura


Há algum tempo assisti à uma palestra do Prof. Mário Sérgio Cortella em que ele fazia uma analogia sobre como a Educação lida com o futuro utilizando como imagem o automóvel no qual o retrovisor é sempre menor que o para-brisa. Com isto ele quis dizer que o horizonte do educador é o futuro, o passado é referência, mas que tem quem ao buscar respostas no passado traz aquilo que é arcaico, que já deveria ser superado, ao invés do que realmente precisa ser preservado, levado adiante.

No Movimento Escoteiro não é incomum vermos pessoas reclamando do Escotismo atual, usando até neologismo. E se justificam dizendo no meu tempo... e este tempo referência varia de interlocutor para interlocutor, e normalmente é o tempo vivido como membro juvenil. Parece que muitas destas pessoas vivenciaram um escotismo imutável, o que contradiz ser um Movimento, congelado no tempo. Há até quem execre as mudanças, mesmo que feitas pelo próprio Baden-Powell, e se valha unicamente da primeira edição do Escotismo para Rapazes como bíblia sagrada a ser seguida. Para estes talvez a lei valida ainda seja a de 9 artigos.

Estas pessoas esquecem que aquilo que é essencial no Escotismo, o método, está preservado, mas se apegam ao que é cosmético, sem nem mesmo se ater que aquilo que eles defendem já foi de outro modo, mas o importante é colocar rótulos, muitos dos quais não se sustentam se der uma olhada mais atenta no retrovisor.


Somos um Movimento, e o essencial, o que nos faz mover, o método estará sempre atual, porque é simples, ele é o motor que existe em qualquer carro, porém como ele vai funcionar pode ser de diversas maneiras.


Usando a mesma analogia do automóvel não podemos conduzi-lo do mesmo modo que eram conduzido os veículos de décadas atrás, mas há quem reclame da forma que se estão estruturados os Grupos Escoteiros atualmente, sentem falta do Chefe de Grupo, como se não existisse, à época a Comissão Executiva de Grupo, a qual invariavelmente era escolhida pelo próprio Chefe de Grupo, que era nomeado por esta, ou seja na prática, o Chefe do Grupo era o dono do pedaço. Mas esquecem que temos, além das normas escoteiras, uma legislação que impele os Grupos Escoteiros a terem uma outra forma de organização, e impõe maiores compromissos caso queira firmar convênios, contratar, etc. pois terá que estar cadastrado junto ao Ministério da Fazenda, e além do CNPJ ter um certificado digital.


Nada impede que os Grupos Escoteiros funcionem na informalidade, com tudo atrelado ao CPF de um dirigente, porém este deve ficar atento, e por mais que todos os documentos sejam guardados não é garantia de ter menos dores de cabeça caso pode eventualmente tenha que se explicar às autoridades fazendárias.


Baden-Powell escreveu que devemos dar a isca que o peixe gosta, mas temos pescador que prefere dar a isca que ele gosta.

Para justificar suas posições usam, sem mesmo conhecer o contexto, ou interpretar a frase, a expressão de B-P “O Escotismo é um Movimento e não uma organização”. A primeira vez que esta frase aparece é em uma resposta que B-P dá em 1921 a um Escotista que apresentou uma proposta para mudar a organização da The Scout Association, a parte que B-P não gostou foi a de se ter um comitê eleito, pois acreditava que pessoas eleitas não iriam conseguir substituir os voluntários arregimentados que dedicavam tanto esforço e amor ao Escotismo. Mais tarde em vários outros escritos B-P volta ao tema e explica melhor, basicamente ele conceitua Movimento como a parte que é o cerne, o ideal, enquanto que a organização é o que dá sustentação a este ideal que se renova, ainda que o Movimento (ideal) possa sobreviver mesmo que a organização pereça. Isto é melhor esclarecido na frase “Scouting it is not a organization. It is a movement, because it moves forward. As soon as it stops moving, it becomes an Organization, and is no longer Scouting.” ( Escotismo não é uma organização. É um movimento, porque ele se move para a frente. Tão logo ele pare de se mover, ele se torna uma organização e não será mais Escotismo) – Não sem razão a maior entidade escoteira do mundo se chama Organização do Movimento Escoteiro, ou seja uma organização que serve ao Movimento, seria muito diferente se chamasse Movimento Escoteiro Organizado.


Porém há quem prefira negar o próprio B-P, que constantemente revisava as suas publicações.

O grande problema está em não separamos o que é organização do que é movimento. Seja no nível local, seja nos níveis regionais e nacional a organização existe para dar suporte ao movimento, e sabermos que na sociedade moderna a organização é cada vez mais necessária, não cabendo espaço para a informalidade; ao mesmo tempo há de se compreender que a organização não pode tolher a força criativa e visionária que há no movimento.


É certo que por ser uma entidade política a organização é sujeita a instabilidades que podem afetar ao próprio movimento, porém se o ideal estiver forte ele continuará a se mover para a frente, tal qual disse Baden-Powell.

 
 
 

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