A formação do adulto voluntário
- Carlos Nascimento
- 4 de nov. de 2016
- 3 min de leitura

Quando em 2008 durante uma oficina do XIV Congresso Nacional Escoteiro, realizado em Aracruz-ES, foi apresentada e debatida a revisão das Diretrizes Nacionais para a Gestão de Adultos, a qual seria implantada em 2009, os poucos interessados no tema fizeram sugestões para modernizar e incrementar a formação dos voluntários adultos, algumas não forma incorporadas como se pretendia, a exemplo da modularização dos cursos, ficando o módulo como uma oportunidade de formação para aquisição de determinadas competências.
Já a educação a distância foi incorporada ao documento porém não foi absorvida e só agora timidamente passa a ser adotada. Na proposta das diretrizes a EAD é um instrumento para tornar o sistema de formação acessível economicamente e geograficamente, considerando “que os níveis iniciais e alguns módulos são especialmente adequados para esta modalidade de formação”.
Porém seja por desconhecimento, seja por falta de vontade o que vemos é a insistência em um modelo de cursos presenciais com conteúdos defasados e distanciados das próprias Diretrizes. Se há a recomendação da adoção da EAD para os níveis iniciais, no caso o preliminar e básico, qual a razão de não fazê-lo?
Uma das prováveis respostas é o desejo de manter a formação sob o controle de alguns poucos que ainda se comportam como os antigos “adestradores” quando não eles próprios o foram algum dia, que reservavam para si apostilas faziam observações nos cadernos de anotações (ainda tenho os meus com observações), e aprovavam e reprovam o cursante sem nenhum critério lógico.
Outra é mostrar através da realização de cursos espasmódicos a quantidade de “alunos” nem que para isto tenha que fazer tudo junto e misturado, juntando linhas de formação dirigentes e escotistas, e ramos distintos sob a desculpa de tornar possível o curso. Imagine alguém fazer o Curso Avançado para o ramo Lobinho sob regime de acampamento, sistema de patrulhas, tendo na mesma turma pessoas que estão fazendo o avançado sênior e pioneiro, não precisa imaginar porque isto acontece.
“Anteriormente, o curso foi o centro do processo de formação e todas as demais estratégias de menor relevância giravam em torno dele. No atual sistema, o centro do processo está composto pelo eixo Capacitação – Compromisso (Acordo de Trabalho Voluntário) – APF – PPF – Acompanhamento, e o curso, bem como todos os módulos de aperfeiçoamento, que potencializa o processo”. Assim está escrito nas Diretrizes entretanto mesmo 7 anos após a sua adoção os cursos sequenciais continuam sendo o centro deste processo, quando é apenas uma parte dele, que é dependente das outras, dentre elas o Assessor Pessoal de Formação – APF, que é o responsável pela homologação do nível de formação.
Todavia, apesar da importância dada ao APF este é muitas vezes ignorado, não raro havendo voluntários adultos que iniciam e prosseguem no sistema de formação sem contar com um APF contando para isto com o beneplácito dos dirigentes escoteiros regionais e de formação, pois volta-se à questão quantidade.
Admitir em um curso de formação alguém que não cumpre um dos pré-requisitos (na verdade dois: ter o APF e por conseguinte realizar as tarefas prévias) é mandar uma mensagem aos cursantes que as regras não valem. Já ouvi uma desculpa sobre isso que dizia mais ou menos assim ” vamos fazer deste modo para termos alguns voluntários com formação e depois corrigimos”. Ou seja quero quantidade, mesmo sem qualidade, sem qualidade sim pois por melhor que tenha sido o curso, por mais geniais que tenham sido os instrutores, o conteúdo não abarcou aquilo que deveria ter sido visto nas tarefas prévias com o acompanhamento do APF.
Dia destes voltei a ler o “Manual do Adestrador” da UEB, presente que ganhei quando ainda não era nem IM, e percebi como um livro escrito na década de 1970 trazia ideias tão avançadas para a formação de adultos, mas as quais, infelizmente não foram adotadas. Ali era posto que os cursos eram para adultos que desempenhariam funções de adultos, não devendo assim serem infantilizados, ou seja era um Escotista que estava fazendo um curso, portanto descabido comportar-se como membro juvenil.
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