O Escotismo e a Síndrome do Pequeno Poder
- Carlos Nascimento
- 27 de mar. de 2017
- 2 min de leitura

Parece ser raro, ou talvez não, porém não é incomum, pessoas se incorporarem ao Escotismo como adultos voluntários por conta do título de chefe e, posteriormente, se pudesse, entraria com um processo de alteração da certidão de nascimento para incorporar o Chefe, pois ele é conhecido como Chefe Fulano.
Estes chefes têm alguma peculiaridades, o autoritarismo, muitas vezes para disfarçar a sua ignorância ou desconhecimento, é um deles.
Às vezes o título de chefe não satisfaz, e a pessoa faz o seu plano de política pessoal, começa a estabelecer relações que lhes sejam benéficas, lentamente anular qualquer pessoa que seja uma potencial ameaça ao seu plano para chegar ao cargo que deseja, sem esquecer que, segundo ela, faz isto pelo desenvolvimento do Escotismo.
Por fim ascende ao cargo almejado, ou o que é apenas uma escada para subir mais à altura do seu próprio ego.
Esta busca por status, e usar o cargo para exercitar o poder, é uma característica de quem sofre da Síndrome do Pequeno Poder ou Síndrome do Porteiro. Segundo a psicóloga Rosângela Martins esta síndrome “caracteriza-se pelo uso improprio de um poder. Este poder neste caso é usado de forma abusiva, imperativa desconsiderando o contexto e os transtornos que isto ocasiona ao bom funcionamento de uma engrenagem. Baseia-se em processos de domínio e exploração nas relações interpessoais”.
Escreve ainda Rosângela Martins:
“Estas pessoas tem uma visão focada e restrita da situação. Entendem que desta forma estão se desempenhando bem, mas por traz disto estão muitos outros interesses latentes.
Atrás da síndrome do pequeno poder existe uma pessoa que apresenta normalmente uma baixa autoestima que tenta ser compensada. Exerce sua função de forma imperativa, como se desta forma pudesse mostrar aos outros e a si que é capaz.
Existe também uma dificuldade de reconhecimento dos limites. Seu desejo impera sobre o desejo do outro de forma mascarada, quero dizer, tentando ser justificada pelo desempenho de uma função.
Há uma dificuldade quanto à percepção do outro e do meio.
Questões de vaidade também estão presentes. Há um desejo que sua posição seja reconhecida, muito mais sobre uma aparência do que verdadeiramente baseada na eficiência.”
E continua a psicóloga:
“O bom desempenho de um poder seja ele qual for esta calcada no conhecimento e na capacidade de exercê-lo considerando o meio em que esta inserida.
Vale lembrar a diferença entre autoritarismo e autoridade.
O Autoritarismo privilegia o poder sobre o outro a fim de impor e dominar
A autoridade tem quem tem a razão e o conhecimento e por si só reconhece e respeita as leis que lhe circundam.”
Por certo este tipo de comportamento é familiar a muita gente fora do Escotismo, mas torna decepcionante dentro do Escotismo. Quantas vezes não ouvimos dizer que uma determinada pessoa mudou após estar em um determinado cargo, seguindo-se da inevitável pergunta por que esta sede de poder se não ganha nada? Eu normalmente digo, a pessoa não muda ela se revela, e ao se revel mostra a sua vaidade e a sede de poder, alimenta a sua vaidade.
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