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O chefe educador

  • Foto do escritor: Carlos Nascimento
    Carlos Nascimento
  • 6 de ago. de 2017
  • 6 min de leitura

Em comemoração ao Dia do Chefe Escoteiro compartilho um texto extraído do livro "Scoutisme Route de Liberté" de autoria do Pe. Marcel Forestier.

O Escotismo é feito de contrastes. Por suas atividades e o espírito na qual as propõe faz um chamamento à iniciativa dos jovens. Quer fazer deles os principais artesãos de seu próprio desenvolvimento. Ao mesmo tempo, dá ao chefe um papel considerável, maior que qualquer outro sistema de pedagogia ativa. Já temos visto a importância do exemplo. Baden-Powell não se cansa de repetir que para fazer escoteiros, o que quer dizer, crianças e jovens que vivem segundo a Lei Escoteira, bastaria ter um chefe que fosse a encarnação viva desta Lei. “

Não há melhor lição do que o exemplo. Se o próprio Chefe Escoteiro abertamente cumpre e executa a Lei Escoteira em todas as suas ações, os jovens vão segui-lo rapidamente.”².


O que levará ao máximo sua influência será o fato dela ser desinteressada, como bem disse:“Existe uma autoridade que usa o poder e a diplomacia de que dispõe (força e astúcia) para subordinar os demais a seus fins particulares, e não busca mais do que adornar-se deles para seu próprio proveito: esta é avassaladora. Existe uma autoridade que usa o poder e a diplomacia de que dispõe para subordinar-se ela mesma, de certo modo àqueles que lhe estão submissos, e que unindo sua sorte a eles, persegue um fim comum: esta é libertadora”.³ Como, na prática, vai se conciliar o chamamento à espontaneidade, fundamento de uma pedagogia ativa e a influência do chefe?


Mais do que um comandante, o escotista é um educador. Se chega a ser um comandante, ou seja, a mandar no curso de empreendimentos comuns, quase todos esses empreendimentos tem como finalidade a educação dos jovens e devem ser escolhidos desta forma. Para ser um bom escotista, faz falta, segundo Baden-Powell, ser ele mesmo um escoteiro. Ser um camarada alegre, apaixonado pelo que apaixona aos jovens, ser verdadeiramente um deles. Deve fazer um esforço permanente para traduzir numa linguagem compreensível aos jovens seu saber de adulto. E isto é profundamente verdade no terreno da vida religiosa. Faz falta ser psicólogo e criativo para ajudar a cada um dos jovens a descobrir as condições de seu desenvolvimento pessoal.


É impossível dar fórmulas. “Muitos chefes, provavelmente, gostariam que eu lhes desse todos os detalhes possíveis de particularidades. Mas, na realidade, isto é impossível, pois o que convém a uma tropa determinada (ou se aplica a um tipo de jovem) num certo lugar, não serve pra outra, situada a um quilômetro de distância. Isto acontece, com muito mais razão, em relação a todas as tropas escoteiras do mundo, fundadas e existindo em condições totalmente diferentes” Essa tarefa é grande e se compreende que esse cargo só pode ser desempenhado por homens que tenham experiência e que estejam comprometidos profissionalizante. Deveriam ter, pelo menos, vinte e cinco anos. Esta tarefa de educador sobrepassa manifestadamente as possibilidades de todo o homem jovem. Por desgraça e por falta de pessoas mais amadurecidas, não são raros os chefes que apenas contem com vinte anos. E, a menos que tenham uma precocidade e muita inteligência, atuariam como comandantes e recreadores, antes de serem educadores. Se aficcionarão ao jogo de mando, em detrimento da educação. Cederão ao desejo, muito compreensível nesta idade, de mandar numa tropa e se verá aparecer no mundo escoteiro, que deveria ser uma família, uma espécie de pequenos sargentos que nem sequer esqueceriam, nos dias de desfile, de tomar um bastão para dar-se destaque. Esta última anomalia é, por sorte, bastante rara, porém eu a tenho encontrado e nem sempre entre os chefes muito jovens. É necessário que os adultos e em especial os Comissários façam a todo o custo que os chefes jovens compreendam que a tentação de comandar e desfilar deve desaparecer ante a tarefa apaixonante do educador, segundo as características concebidas por Baden Powell. É uma condição sine quanon para se fazer um Escotismo eficaz em um meio popular. É necessário saber obter, em algumas ocasiões, que por outro lado deveriam ser raras, uma disciplina e uma apresentação exterior suficientes, porém para o resto do tempo o chefe deve ser o irmão mais velho que dá exemplo, que sabe escutar, dá o necessário estímulo, sugere atividades, proporciona aos jovens os meios de realizá-las, intervém nos momentos de desencorajamento e sustenta o esforço: mais do que manda, ensinar a viver. Quando Baden Powell dá aos chefes o mesmo uniforme de campo que os jovens, é para indicar bem que devem ser os primeiros entre os acampadores. Eu creio que é também para fazer esquecer a diferença de idade. A verdadeira autoridade no Escotismo deve vir da competência e da fidelidade à Lei, mais do que dos galões, os quais, no movimento, os verdadeiros chefes tem sabido perfeitamente prescindir.


O escotista que está mais preocupado em educar do que em mandar, saberá não se limitar a uma disciplina exterior, nem a direção de grandes jogos. Se todos os que dirigem os jovens estivessem bem persuadidos disso, seriam mais numerosos os homens com experiência de vida que tomariam a peito a participação efetiva na formação de seus filhos e das camaradas de seus filhos, fazendo-se ajudar, para animar os jogos, por assistentes mais jovens aos quais iniciariam na real tarefa de educador. Uma deformação bastante corrente no chefe escoteiro é adotar frente aos jovens uma espécie de demagogia. Quando Baden-Powell pede aos adultos que desçam ao mundo dos meninos, e se façam semelhantes a eles, é para acompanhá-los até uma consideração adulta da vida. Não é de maneira nenhuma para prender os jovens num mundo artificial. Entregues a si mesmos os jovens se transportam sempre em espírito para a vida das pessoas adultas. E é uma malversação do método mudar a direção dessa tendência natural, para fazer os jovens viver num mundo artificial chamado de mundo dos meninos, num sentido completamente diferente ao de Baden Powell, onde o jogo se converte em um fim em si mesmo e onde se criam aventuras irreais que conduzem a este infantilismo que com frequência se tem criticado. O educador de jovens, o grande amigo, em certos momentos terá que ser chefe e mandar, com vistas a coroar de êxito um empreendimento. E, deste ponto-de-vista, o Escotismo pode ser muito formativo para o escotista. Comandar ou governar? O comando é uma coisa distinta do governo de homens. O comando supõe organismos hierarquizados onde se dão ordens que terão toda a probabilidade de serem executados por si mesmas e sem referências imediatas ao gosto nem à formação pessoal do executante. O governo supõe um mando de outra ordem, uma hierarquia mais sutil, onde as ordens somente se executarão ser forem aceitas. O Escotismo desenvolve a aptidão para governar. O respeito aos jovens, exige que o chefe comprometa os escoteiros com a ação que ele quer executar com os mesmos. Deve, pois, sempre que possível, consultá-los, perguntar sua opinião, documentar-se sobre suas necessidades e seus desejos a fim de que o empreendimento que organize seja também deles e que suas ordens expressem não somente sua vontade, senão a necessidade de uma finalidade comum. Se a iniciativa vem do chefe, dará a conhecer aos jovens seus projetos e lhes informará com vistas às ações. É muito importante recordar aos chefes que quando hajam assinalado um objetivo a seus jovens, não fizeram nada mais do que a coisa mais fácil. Muitos creem que então sua tarefa terminou. Se equivocam: nem sequer começou. A tarefa do chefe, com efeito, consiste em proporcionar a seus escoteiros os meios para alcançar o objetivo fixado e quando a ação exige unidades mais numerosas, por exemplo várias patrulhas, sua tarefa é também de coordenar a ação geral, porém sem intervir diretamente na direção das equipes. A maior parte dos nossos chefes, quando assinalaram um objetivo, proporcionaram os meios e deram impulso, parecem ignorar que devem acompanhar a execução. Não como um vigilante, senão para oferecer sua ajuda aos que participam da ação, atender às suas deficiências, remediar as falhas previstas, elevar os ânimos e associar-se à alegria do êxito. Não me cansaria de alertar os chefes jovens contra a facilidade com que poderiam acreditar-se verdadeiros chefes porque conseguem se impor aos rapazes de menor idade. Esta ilusão explica a decepção que muitos chefes tem sentido, ao entrar na vida adulta. Na medida em que renunciam às pequenas satisfações de amor próprio que podem dar-lhes prestí­gio fácil, para refletir sobre as condições de educação e de governo de homens, se preparam para ser verdadeiros líderes na sociedade. Não é uma quimera. Poder-se-iam citar com exemplos de carreiras brilhantes de chefes escoteiros que não ocultam que seu êxito é devido a sua prática de governo de homens no Escotismo.

Notas: (1) (2) (3) (4)

Parte do Capítulo IX do livro Escotismo-Rota de Liberdade, tradução de Pantera Grisalha. Vale a pena analisar no Conselho de Chefes. Baden-Powell, in Guia do Chefe Escoteiro,. Editora Escoteira da UEB, pág. 48. R. Benjamin, in Verdades e fantasias sobre a Educação. Baden-Powell, in Guia do Chefe Escoteiro. Editora Escoteira da UEB, pág. 39.

 
 
 

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