Esquecimentos e conveniências.
- Carlos Nascimento
- 26 de set. de 2017
- 2 min de leitura

Deambulando pelas rede sociais não raro deparo com pessoas reclamando do Escotismo, quando deveriam se referir à voluntários adultos. Uma das principais reclamações, principalmente dos mais experientes, é sobre a não valorização dos mais antigos sob a desculpa de renovação e empoderamento dos jovens, desconsiderando a maturidade e o conhecimento acumulado. E não escapa ninguém, mesmo aqueles que se mantém atualizados, são ignorados.
Mas será que a razão deste esquecimento é única e exclusivamente em razão da idade ou há outras causas? Qual a razão de alguns mais antigos continuarem sendo “prestigiados” e outros não? A explicação é simples, o Escotismo reflete a própria sociedade, e os adultos que dele fazem parte trazem para o Movimento Escoteiro os mesmos comportamentos que condenam, por exemplo, na política. Se a pessoa é “experiente” porém se adéqua ao projeto de poder, ela é considerada, porém se esta manifesta discordâncias ou tem capacidade de empanar o brilho daqueles que querem ser farol, então é ignorada.
O mais impressionante a observar é que não basta ignorar estas pessoas que contribuíram, e ainda podem contribuir muito para o Movimento Escoteiro, faz-se necessário também apagar a memória delas, qualquer referência mínima à sua capacidade ou realizações, desconstruí-las, em um processo semelhante ao que Stalin fazia com os seus adversários. Talvez só falte apagar estas pessoas das fotos.
Eliminando os personagens incômodos estas pessoas mais facilmente pavimentam o seu projeto de poder, afagando e sendo afagadas com joinhas e palminhas, e retribuindo com diplomas, medalha, títulos e agrados outros.
No livro Sob nova Direção, escrito pelo Pastor Ubirajara Crespo, ele faz uma análise sobre a fragmentação da Igreja e propõe, como ele mesmo define, uma retomada de rumo com resgate de valores sem perder o contato com a realidade atual. O impressionante é que podemos, como diria Bela Gil, substituir neste livro a Igreja pelo Escotismo, e adaptar os demais termos e encontraremos uma situação parecida com a vivida pelo nosso Movimento.
Uma das passagens mais simbólicas é quando ele escreve “Noto, em várias cidades quando crentes e pastores se encontram dá para constatar facilmente que nossas ligações são frágeis. Antipatias e mágoas são disfarçadas por abraços frios, sorrisos plásticos, expressões típicas e chavões corporativos. A mais pura unidade de caiação”.
Recentemente tomei conhecimento de um relato em que um Diretor Regional estava se queixava de outro porque este beneficiara o próprio Grupo usando os contatos da Direção Regional. Se esta queixa foi feita a terceiro, que não membro da DR, e posteriormente vazada, então podemos deduzir que o tema não foi discutido no nível que deveria ter sido, a própria diretoria, porque o que importa é manter estas ligações frágeis que consolidam os pequenos poderes de cada um e sair bem na foto.
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