"Cortem-lhe a cabeça!"
- Carlos Nascimento
- 30 de mai. de 2018
- 3 min de leitura

Recentemente estava conversando com uma escotista que atua em outra Região Escoteira e ela me comentou sobre o comportamento de alguns dirigentes, que sobrevalorizam o trabalho de alguns e desvalorizam o trabalho de outros, ainda que estes sejam mais dedicados ao Movimento que aqueles.
Nesta semana em uma rede social dois casos envolvendo afastamento de voluntários repercutiram na comunidade escoteira, em um deles dois escotistas foram afastados pela Diretoria do Grupo - não há nenhum relato que tenha havido o devido processo disciplinar -sob protesto de membros juvenis. No outro caso uma Diretoria Regional decide encaminhar para a Comissão de Ética e Disciplina Regional pedido de abertura de processo contra um voluntário que já havia se desfiliado da UEB porque ele estava usando uniforme e distintivos de outra associação escoteira. Parece absurdo, mas o Estatuto da UEB em seu art. 40, § dispõe que “O fato de a pessoa não estar registrada na UEB no momento da prática do ato ou da instauração do processo disciplinar não a exime de sujeitar-se ao processo e, eventualmente, da aplicação da respectiva medida disciplinar.” E ao menso que seja uma norma secreta não há impedimento que a pessoa se associe a diferentes associações de escotismo, desde que haja tempo para se dedicar,por exemplo sem membro da UEB+FBB, ou UEB-Desbravadores, etc.
Ainda que pareçam dois casos isolados estes não o são; Brasil afora temos casos em que detentores de um micro poder o usa para afastar qualquer um que creia ser uma ameaça para eles e seus projetos pessoais de continuidade ou aumento de poder. E para conseguir este intento vale tudo. E nem pense em invocar primeiro a Lei Escoteira, pois valores, ou o caráter como colocava como mais importante B-P, não conta.
Há caso em que pessoas são manipuladas para se atingir outros, em situações que fazem lembrar aquelas descritas pelo papa Francisco em sua homilia do dia 17 de maio de 2018, como a criação de condições obscuras para condenar uma pessoa, e o papa lembra “A intriga” foi usada contra Jesus para desacreditá-lo e, uma vez desacreditado, eliminá-lo”.
Porém há condenações mais sutis, que usam os mesmos instrumentos da intriga, da distorção da verdade, da manipulação dos fatos e das agendas secretas para condenar uma pessoa ao ostracismo.
E para que tudo isto? Pelos jovens, razão de existir do Movimento Escoteiro? Não, por projetos pessoais de poder. Se fosse pelos jovens as pautas seriam claras, haveria verdade, lealdade e cortesia, mas por mais paradoxalmente que seja, tal qual inquisidores modernos as atitudes persecutórias fogem qualquer razoabilidade.
Porém o mais interessante é que quando estas situações afloram sempre há os psicólogos de facebook para simplificar a coisa como uma questão de ego, mas que na verdade é aquilo que há milhares de ano já está expresso na Bíblia em Eclesiastes: vaidade das vaidades.
É impressionante que pessoas as quais deveriam por acima de tudo o desejo de servir, de contribuir para um mundo melhor, se deslumbram com o micro poder assumido, ou que poderá vir a assumir; ou uma vez investido neste almeja ampliar o seu poder, e não a sua capacidade de servir, e para isto, tal qual a Rainha de Copas de Lewis Carroll tem “ somente um modo de resolver todas as dificuldades, grandes ou pequenas. “cortem–lhe a cabeça!”, sem mesmo olhar em volta.
Comments